quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Espelho Quebrado



a minha última postagem do ano tinha que ser algo especial, que representasse o magnifico ano que passou, mas que tivesse, também, muito do que espero para o ano que está começando, e por isso escolhi liberar, em primeira mão, para os leitores deste blog, a frase de abertura de meu próximo livro, Espelho Quebrado,  tal como vai ser apresentada no livro, a ser lançado no primeiro semestre do próximo ano.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Senhor & Servo - um raio que caiu duas vezes no mesmo lugar, sobre um mesmo leitor



Reza a lenda que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. Na literatura, essa é só uma lenda, pois há exemplos e mais exemplos de escritores geniais que “fulminaram” seus leitores com magníficas obras e há, também, o caso de numa casa só caírem três grandiosos raios, onde surgiram três das mais importantes escritores da literatura inglesa e mundial: as irmãs Brönte. Nessa casa, todas as três filhas tornaram-se escritoras e produziram obras-primas da literatura mundial. A Emily, talvez a mais famosa, ficou célebre por O Morro dos Ventos Uivantes, enquanto a Charlote por Jane Eyre, enquanto a irmã mais nova, menos conhecida pelo público brasileiro, escreveu o genial, forte e marcante A Moradora de Wildfell Hall.
            A literatura mundial está repleta de exemplos desse tipo, de raios que caem numa mesma casa e família, de tempestades de raios que caíram (que saíram, na verdade) da mente criativa de um único escritor.
            Há alguma semanas (verifique entre as postagens mais antigas), eu coloquei neste blog um texto falando de minha surpresa por ter descoberto, tardiamente, é verdade, a magnífica obra de Tolstoi, Felicidade Conjugal. A leitura daquele livro foi, para mim, como um raio que me tivesse fulminado, deixando-me inteiramente pasmo, a mercê de tamanha descarga emocional de que tal história possui. Livro de uma delicadeza rara, de uma sensibilidade sem precedentes na literatura mundial. E eu, que julgava tão conhecedor de Tolstoi, leitor apaixonado por suas obras-primas Guerra e Paz e Anna Karienina, me rendi inteiramente àquela tão singela história de amor. Foi uma grande “surpresa literária” para mim a leitura de Felicidade Conjugal. Mas eis que o ano de 2009 ainda guardava uma outra enorme surpresa para mim. Quando eu julgava o ano já terminado, quando já tinha recebido o meu “raio”, eis que cai um outro, enviado dos “céus literários” pelo mesmo gênio: Tolstoi. Foi a leitura de Senhor & Servo – e outras histórias que me atingiu, tal qual um raio, no final deste ano.
            É Senhor & Servo – e outras histórias um livro de contos, dos mais belos e marcantes da literatura mundial. Livro com “apenas” três pequenas histórias, que o leitor, ao terminá-lo, sente-se tão desnorteado (a sensação que temos quando atingidos por um “raio literário”) que não sabemos dizer qual das histórias foi a mais marcante e impactante, que desencadeou a maior energia dentro de nós, seres humanos, leitores, apaixonados. O livro é composto pelos contos Senhor & Servo, O Prisioneiro do Cáucaso e Deus Vê a Verdade, mas custa a Revelar, que são completamente diferentes uma da outra, mas que têm em comum a incrível carga emocional, a surpresa guardada até o último instante como só os grandes gênios da literatura mundial conseguem guardar. Até o último conto, de caráter profundamente teológico e reflexivo, guarda surpresas além daquelas que o leitor poderia esperar de um texto dessa natureza.
            Livro forte, marcante, intenso e surpreendente, foi Senhor & Servo – e outras histórias o segundo raio que me atingiu, em cerca de dois meses, nesse ano de 2009.
            E que venha 2010, repleto de grandes livros, pois estou, como leitor, pronto para ser fulminado por uma tempestade de raios.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Balanço anual de planos e leituras de 2009


Final do ano se aproximando, e eu me vejo aqui, sentado de frente ao computador, pensando em tudo aquilo que havia planejado para o ano de 2009. Muitos planos foram concretizados, outros parcialmente, alguns se mostraram inviáveis enquanto outros não foram nem tentados. Mas no geral, coloco 2009 como um ano muito bom, em que meu sonho maior foi realizado, e estou iniciando minha “carreira literária”. Uma História em Cinco Vozes foi um sucesso de crítica e público, sua primeira tiragem foi esgotada e tive que correr para providenciar uma segunda, para este final de ano, para que não faltasse livros para “meus leitores”. Terminei outro livro, Espelho Quebrado, que ainda não tem data fechada para lançamento, mas que provavelmente será já no primeiro semestre de 2010, e ainda há outros projetos literários para 2010, como a publicação de outro livro de contos e novelas, um “livro ilustrado” e ainda outros romances a serem iniciados.
            As leituras de 2009 foram muito boas, apesar de alguns livros não terem sido dos mais interessantes. Iniciei 2009 lendo O Conde de Monte Cristo, um dos mais engenhosos e belos livros que já li em minha vida, li livros de contos e crônicas para desopilar vez por outra, me surpreendi quando li Indignação, fiquei perturbado quando li Fome e tocado quando me deparei com O Filho Eterno. Fiz a releitura do que, para mim, é um dos mais belos livros da literatura brasileiro de todos os tempos, Olhai os Lírios do Campo, e ri bastante com alguns livros de Luis Fernando Veríssimo, além de ter descoberto, tardiamente, é verdade (mas, como diz o ditado: antes tarde do que nunca!) Jorge Amado. Conheci alguns belos livros da literatura brasileira e fiquei encantado com as histórias de Francisco Alves Martins Neto, nas histórias de seu livro Crônicas Sensoriais, além de ter descoberto algumas belas histórias (e livros) da literatura potiguar. Li biografias, contos, crônicas, romances, clássicos, Best-sellers, policiais, livros de ficção científica, cartas de amor (com o livro Para sempre – 50 cartas de amor de todos os tempos), mas não tive a coragem de encarar Ulysses, de James Joyce, e tive que adiar os planos de ler tal livro nas minhas próximas férias. Conheci obras magníficas da literatura mundial, clássicos que me envergonhava de nunca ter lido, como Admirável Mundo Novo, Fahrenheit 451, A Revolução dos Bichos, além de alguns belíssimos livros da literatura brasileira, como Meninos de Engenho e Capitães da Areia e bebi cada palavra de Os Miseráveis e me apaixonei perdidamente, surpreendido enormemente com a doçura das palavras de Felicidade Conjugal. No entanto, as leituras de 2009 não foram só flores, pois também houveram algumas decepções, como A História de Edgar Sawtelle (que é uma contra-indicação de leitura que faço) e a leitura do insosso A Professora de Piano.
Russos, brasileiros, potiguares, alemães, franceses, norte-americanos, italianos, ingleses, africanos, orientais, enfim, foram muitos os livros lidos, muitas surpresas e algumas decepções, mas que 2009 foi um ano e tanto, isso é inegável.
Trabalhei muito, escrevi muito, li muito, tive tempo para muita coisa e faltou tempo para outras. Não entrei na academia, ganhei peso, perdi peso, não ganhei na Mega-Sena (também, não joguei!) como havia planejado. Solidifiquei amizades, fiz novos amigos, e acredito não ter feito nenhuma inimizade. O blog eu mantive bastante ativo, recebi inúmeros e-mails de leitores, elogiando ou criticando os textos, participei ativamente do Skoob, descobri o Livro é Tudo e participei da organização do Primeiro Concurso Cultural, que distribuiu inúmeros livros como premiação deste portal.
E revendo tudo isso, percebo que, apesar de não ter realizado tudo aquilo que planejei no início do ano, curti cada momento daquilo que empreendi. O que fiz, o que conquistei, não foi fruto de um gênio surgido de uma lâmpada mágica que realizou, num passe de mágica, meu desejo, mas sim, fruto de muito esforço e perseverança.
Sei que muito do que não foi feito deve-se a simples falta de tempo. Também, eram tantas coisas a fazer, tantos planos, que seriam necessário pelo menos 5 anos pra dar cabo de tudo! O que foi feito, o que foi conquistado, valeu a pena, foi suado e hoje me vejo orgulhoso por tudo isso.
 2010 está aí, batendo à nossa porta, e o que planejo para esse ano? Eu não sei, ainda. Só sei que 2009 foi um ano muito bom e me encontro, hoje, curtindo os louros da vitória e descansando, pois um novo ano está para começar e uma nova luta está para ser iniciada.
Desejo a todos um feliz 2010, repleto de muitos planos e sonhos realizados, e muitos livros lidos.

domingo, 20 de dezembro de 2009

O Solista - Livro da Semana

 
Steve Lopez é um jornalista que trabalha para um dos mais importantes jornais do mundo, o Los Angeles Times e passa intermináveis horas do seu dia em busca de assuntos que escreve em sua coluna. Passa longas horas do dia na sede do jornal e outras tantas nas ruas da cidade, em meio ao trânsito da metrópole, quando, num desses momentos, mesmo com tanto barulho ao seu redor, escuta algo mais forte que a buzina dos carros e a zoada daquele mundo que o cerca: escuta uma bela música, intensa, vibrante e cheia de vida como ele nunca havia escutado antes. Guiado por tão divina música, o jornalista a persegue entre carros, passando por ruas estreitas e largas avenidas, até encontrar aquele que a executa com tamanha maestria. Para sua grande surpresa, quem a toca não é um música sobre um palco, vestido de maneira impecável, tendo a sua frente uma platéia pronta a aplaudi-lo ao último acorde, mas sim um mendigo, que embora esfarrapado, porta-se com dignidade e toca sua música para uma platéia invisível, em meio às pessoas que passam em seu ritmo frenético do dia-a-dia sem ao menos lhe prestar atenção. O jornalista se aproxima, como que hipnotizado por tal homem, por tão bela música e fica a contemplá-lo. Quando este acaba, que se vê observado, sua primeira reação é de estranhamento, de medo. O outro vê naquela tão singular figura, aquele sobre quem pode escrever em sua coluna para o jornal. Mas o que nenhum dos dois sabe, ainda, é que daquele primeiro encontro começa a surgir uma amizade, uma relação tão forte e intensa, em que cada um, perdido em seu mundo, está prestes a se reencontrar, a redefinir seus rumos.
            O jornalista inicia, então, a escrever uma série de textos, e quanto mais escreve, quando mais se envolve, mais se vê como parte integrante da história daquele homem, que fora um promissor músico, que estudou numa das mais respeitáveis escolas de música do mundo, a Juilliard, mas que, no seu segundo ano de curso, por problemas mentais, talvez provocados ou desencadeados por não ter podido suportar a pressão em um mundo tão elitista, em que ele era o único negro de origem mais humilde, acabou tendo que largar os estudos.
            Nathaniel Ayers, ao sair da escola de Juilliard, largou não só os estudos, mas a si mesmo, deixando para trás sua família, amigos, um futuro, uma vida, e passou a viver nas ruas de Los Angeles, sem ninguém, até que encontra (e é encontrado) por Steve Lopez, que o ajuda enquanto é ajudado.
            Muito mais do que um livro sobre amizade e música, este é um livro sobre vida.
            O Solista, a história real do encontro, da amizade entre Steve Lopez e Nathaniel Ayers, além de um livro belíssimo, ganhará uma adaptação para o cinema, dirigido por Joe Wright, mesmo diretor de Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação, tendo como atores principais Jamie Foxx e Robert Downey Jr.


Assista ao treiler do filme clicando aqui

domingo, 13 de dezembro de 2009

Os Espiões - Livro da Semana


Um livro de leitura extremamente agradável.
eu conhecia apenas o lado "cronista" do Luis Fernando Veríssimo, e como estava um tanto quanto cansado de livros longos e densos, necessitando com urgência de algo mais "leve", de uma leitura para entreter, resolvi pegar o novo livro do "Filho do Homem" (o Homem, no caso, é Érico Veríssimo, um dos grandes gênios da literatura brasileira de todos os tempos).
À medida que avançava na leitura de "Os Espiões", mais eu passei a admirar o Veríssimo Filho. O livro é muito bem contato, com sua tradicional "veia humorística", repleto de ironias. O ritmo da leitura é bastante intenso e envolvente e os personagens foram muito bem criados e "caricaturados".
E como se não bastasse tudo isso, o livro ainda possui boas citações e relações com a mitologia grega, tons de "romance policial", com a caracterização da "espionagem" da história, e muitas referências literárias, citadas constantemente pelo personagem principal, que é o narrador do livro.

Os Espiões é uma excelente pedida para quem procura uma leitura leve e agradável, para os que procuram uma boa "leitura entretenimento" com o tradicional toque humorístico de Luís Fernando Veríssimo.



domingo, 6 de dezembro de 2009

O PRIMEIRO DIA DO FIM DO MUNDO: Flamengo, Campeão Brasileiro de 2009


Hoje é o primeiro dia do fim do mundo. O Flamengo foi campeão brasileiro, e isso acarretará danos irreversíveis para o futuro de nosso planeta. Como se não bastasse por si só o fato de termos que aguentar durante anos, décadas e séculos as palavras dos torcedores convencidos e pouco racionais dessa imensa massa rubro-negra, o título de Campeão Brasileiro de 2009 irá acarretar uma série de fatores que culminará com a extinção da raça humana e destruição de nosso planeta em 2012, como foi previsto diversas vezes por diversas civilizações do passado.
            A primeira catástrofe que acontecerá, a partir de amanhã, é que todo aquele mundo de camisas que estavam esquecidas no fundo do baú surgirão, poluindo visualmente o nosso país e o mundo, onde quer que exista um torcedor do Flamengo. Tais camisas, por estarem a tanto tempo “enterradas” no fundo do baú, com forte cheiro de naftalina, acabarão com destruir delicados animais: as abelhas. As abelhas, ameaçadas, não mais existirão em número suficiente para fazerem o trabalho da polinização, e isso contribuirá para, em curto prazo, a extinção de espécimes da flora de determinadas regiões. A médio prazo, animais que se alimentam de determinadas plantas também começarão a desaparecer, levando a um desequilíbrio ecológico. Assim, o Flamengo, em apenas alguns meses, vai conseguir o que toda a humanidade demoraria décadas para conseguir: destruir inúmeras espécies de plantas e animais.
            Como se não bastasse essa extinção em massa da vida vegetal e animal em nosso planeta, toda aquela maré de camisas rubro-negras irá contribuir para a reflexão da luz do sol em nosso planeta. Todas aquelas camisas, com forte tom preto (como todos sabem, a cor preta não reflete bem a luz), irão impedir que a luz do sol, ao bater sobre o nosso planeta, mais precisamente sobre o Brasil, seja refletida; e o vermelho, de tom mais forte, mais quente, irá contribuir para um “efeito estufa” que acontecerá com maior intensidade sobre o nosso país. Isso tudo acarretará num deslocamento do eixo de nosso planeta, e consequentemente a incisão dos raios solares sobre os pólos. O processo de derretimento das calotas polares será acelerado e outras serão formadas onde antes fazia calor.
            O fim do mundo está começando, e isso não é filme de ficção científica ou fruto de previsões pessimistas, feitas há milênios, por uma civilização extinta. Salve-se quem puder!


Um grande clássico da literatura nonsense inglesa, Alice no País das Maravilhas, ganha vida com a adaptação para o cinema pelas mãos de Tim Burton



Alice no País das Maravilhas é a obra mais conhecida do escritor britânico Lewis Carroll e tida como um grande clássico da literatura inglesa. O livro é considerado um dos expoentes, uma das principais obras do gênero literário nonsense.
            O livro conta a história de uma menina chamada Alice, que, espantada ao ver passar pela sua frente um coelho branco falante e tira um relógio do bolso, resolve segui-lo até sua toca. Nela, tem a impressão de que está caindo num buraco sem fundo e acaba por se ver num lugar fantástico, povoado por criaturas peculiares, antropomórficas.
            A obra tornou-se um grande clássico não só na literatura infanto-juvenil, lida e discutida até hoje, mas também, talvez principalmente, entre os adultos, pois ela resgata um gênero literário de fantasia, de criatividade, despertando a imaginação muitas vezes pouco explorada em outros tipos de leitura.
            O livro faz brincadeiras e enigmas lógicos, o que contribuiu para sua popularidade. Carroll também faz alusões a poemas da era vitoriana e a alguns de seus conhecidos, o que torna a obra mais difícil de ser compreendida por leitores contemporâneos. É uma das obras escritas da literatura inglesa que tiveram mais adaptações na história do cinema, TV e teatro.
            Alice No País das Maravilhas pode ser interpretado de várias maneiras. Uma das interpretações diz que a história representa a adolescência, com uma entrada súbita e inesperada (a queda na toca do coelho, iniciando a aventura), além das diversas mudanças de tamanho e a confusão que isso causa em Alice, ao ponto de ela dizer que não sabe mais quem é após tantas transformações (o que se identifica com a psicologia adolescente). Também é possível dizer que a obra faz referências a questões de lógica e à matemática, matéria que Carroll lecionava. Um exemplo é o debate que Alice faz com o Chapeleiro e a Lebre de Março sobre relações inversas.
             Agora o livro ganha uma adaptação para o cinema dirigida por Tim Burton, um dos grandes cineastas de nosso tempo, reconhecido pelo seu estilo ímpar. Onde quer que Tim Burton coloque o dedo, o telespectador vai reconhecer seu estilo, com sombras acentuadas, belas músicas e personagens bizarros, mas cativantes e em Alice no País das Maravilhas o cineasta encontrou inspiração para deixar vazar todo o seu ímpeto criativo, com todos aqueles seres fantásticos, todo aquele ambiente repleto de cores, luzes e sombras.
            No filme, Burton vai misturar captura de movimentos e animação 3D, com bonecos e o stop-motion que fizeram o sucesso de A Noiva Cadáver. O elenco escalado inclui nomes da filmografia de Burton: Johnny Depp (Chapeleiro Maluco), Helena Bonham Carter (Rainha de Copas), e Christopher Lee. Completam o elenco Anne Hathaway (Rainha Branca), Michael Sheen (Coelho Branco) e Mia Wasikowska (Alice).
            Atualmente, o filme encontra-se em processo final de produção e tem sua data de lançamento prevista para 5 de março de 2010, nos Estados Unidos.

Assista o Trailer oficial do filme  clicando aqui

domingo, 29 de novembro de 2009

Palavras de agradecimento pelo sucesso obtido com o lançamento de "Uma História em Cinco Vozes"


Venho através desta mensagem agradecer a todos pelo sucesso obtido com o meu primeiro livro, Uma História em Cinco Vozes. A aceitação, a crítica foi tão favorável que me surpreendeu enormemente, tanto que a primeira tiragem, lançada em 7 de abril deste ano, foi esgotada, e eu tive que providenciar uma nova, com mais 100, devido a procura que está acontecendo por exemplares do livro.
O livro, nascido para ser um de “contos de fadas para adultos”, teve uma aceitação muito maior do que as minhas mais otimistas projeções, pois se tornou comum a sua utilização em sala de aula, pelos professores, por parte de palestrantes, que utilizaram minhas histórias em meio às suas palestras.
            E todo esse sucesso, toda a repercussão favorável que teve o livro, eu devo a você, amigo, que sempre me apoiou nessa dura e difícil empreitada que foi a construção e realização desse sonho que tenho lutado tanto ao longo dos anos, de publicação de minhas histórias e início de uma “carreira literária”.
            E, como todos sabem, a forma como encontrei para homenagear a todos vocês, grandes amigos, foi a da publicação de um conto no livro, cujo título é O Jardim da Amizade, a última e mais difícil história de se escrever, de se expressar através das palavras. Além disso, as palavras, simples, da dedicatória, Dedico este livro a meus amigos, e a forma que encontrei para homenageá-los, para expressar toda a minha estima, foi a de incluir um conto, o último a ser escrito e colocado neste livro, cujo título é O Jardim da Amizade, servem para exemplificar a minha gratidão a todos aqueles que ajudaram não só para a obtenção do sucesso com o livro, mas também para escrever a história de Uma História em Cinco Vozes.


sábado, 21 de novembro de 2009

Como seria Drácula, de Bram Stoker, no mundo de hoje?


Tudo bem. Resolvi me declarar publicamente um chato, um alguém conservador e pouco afeito às novas mudanças. No tocante a literatura então, sou praticamente intratável, conservador ao extremo, pouco afeito aos modismos e fiel defensor das “tradições literárias” e das boas histórias.
            Um desses modismos, o que tem se mostrado o mais forte da atualidade, é o da explosão literária dos “vampiros”.
            Os vampiros estão entre as criaturas mitológicas-fantasiosas que mais despertam o interesse dos leitores desde tempos imemoriais. Desde antes do lançamento do clássico Drácula, de Bram Stoker, o vampiro desperta amores, interesses e temores no imaginário do homem. Esses fantásticos seres têm despertado fascínio no homem em todas as áreas. No cinema foram feitas inúmeras adaptações, sendo algumas consideradas verdadeiras obras-primas do cinema e outras se tornando verdadeiros ícones no gênero suspense/terror. Na literatura, são outras tantas histórias que povoam o imaginário dos leitores. É raro um jovem escritor que pensa em empreender uma carreira literária no gênero do suspense/ terror ou com toque de misticismo que não tenha escrito pelo menos uma história sobre vampiros, ou que tenha, em meio a uma de suas histórias pelo menos uma “participação especial” de uma dessas criaturas.
            As histórias de vampiros são, muitas vezes, tão vívidas que deixaram, há tempos, de povoar o imaginário e passaram e ser vividas (e sentidas!) por muitos dos seus amantes. Não é raro encontrar, seja na Irlanda, terra de Bram Stoker, na Transilvânia, onde a figura de Drácula é tão presente, nos Estados Unidos ou aqui no Brasil, aqueles que acreditam piamente na existência de vampiros, ou aqueles que juram (de pé junto) já terem encontrado algum e ainda há os que dizem terem sido mordidos.
            No entanto, fora desse fascínio por vampiros, que remonta e tempos imemoriais, o que tempos visto hoje é uma enxurrada de livros que tratam do assunto. Para comprovar isso, basta olhar a lista dos livros mais vendidos, pois lá, entre os dez, podem ser encontrados facilmente pelos menos seis títulos que têm como protagonista (ou antagonista, por que não?) algum vampiro. Mas esses títulos, longe do bom gosto das tradicionais histórias de vampiros, têm se mostrado uma verdadeira deturpação da história e do nome dos vampiros.
            Vampiros, existindo na vida real ou “apenas” no imaginário das pessoas, têm uma reputação a zelar, têm toda uma história construída ao longo dos séculos (e das noites escuras da Transilvânia!), o que não está sendo respeitado nos dias de hoje. Temos visto, na literatura e no cinema, principalmente, uma enxurrada de “vampirEMOs” e de “vampiros vegetarianos”, que mais chamam a atenção pelo seu visual de bom-moço, com seus penteados altamente estilosos do que pelo temor ou fascínio que os verdadeiros vampiros exercem. Vampiros que não mordem ninguém, que não colocam medo sequer a uma criança de cinco anos, que deixaram de habitar as noites escuras e passaram a andar a luz do sol (e a brilhar durante os dias!) não são vampiros, mas sim posers que só porque andam de preto durante o dia e possuem dentes proeminentes (muitas vezes chapas) batem no peito para se proclamarem vampiros, embora fujam, enjoados, ao primeiro sinal de sangue!
            Eu sempre fui fascinado pela fantasia, pelo respeito que o nome vampiro exerce no imaginário das pessoas. Já li inúmeros livros que tratem do assunto, inclusive o maior clássico de todos: Drácula, de Bram Stoker. E me sinto enormemente ultrajado quando vejo a forma e no que os vampiros se tornaram hoje em dia. Fico, por vezes, a pensar em como seria um Drácula, se Bram Stoker o escrevesse hoje. Que visual ele teria? Como se portaria com as outras pessoas, os meros mortais? Quem (ou o quê) ele morderia?
            Só em tentar responder as essas hipotéticas perguntas sinto um arrepio me subir pela espinha e fico a imaginar como devem estar os ossos de Bram Stoker, se debatendo em seu túmulo, a uma hora dessas, vendo no que a sua obra-prima se tornou para o “mundo moderno”!


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Salada Russa - Livro da Semana

impressionante como a literatura russa, mesmo quando a julgamos tão conhecida, consegue ainda nos surpreender. e o livro "salada russa", além de nos apresentar textos fantásticos, alguns até bastante raros e pouco conhecidos, ainda nos guarda dois contos de autores pouco conhecidos e falados, Gárchin e Grin.
o livro trata-se de uma breve coletânea de contos, de alguns dos principais escritores russos, do que há de mais significativo na literatura daquele país no século XIX.
o primeiro conto do livro é do pioneiro da literatura daquele país: Puchkin. o conto possui o que é uma característica de muitos escritores russos: a tragédia. a diferença, na história que abre o livro "Salada Russa", é o tom que pode ser interpretado, também, como "cômico".
o segundo conto, de Liérmontov, escritor este tão pouco conhecido no Brasil, é de uma intensidade impressionante, e a história só tem seu verdadeiro desfecho na última linha, prendendo o leitor da primeira à última palavra.
o seguinte é de Turguêniev, escritor conhecido em nossas terras pela obra "Pais e Filhos". seu conto é de uma simplicidade e delicadeza ímpar que, apesar de possuir uma forte carga emocional, de possuir características de um drama, possui uma sensibilidade rara, de uma ternura impressionante.
o outro, de Tolstoi, trata-se do conto "depois do baile", que é relativamente comum em coletâneas de conto do autor. possui tudo que tornou-se a marca do consagrado escritor de "Guerra e Paz" de "Anna Kariênina": conflitos, dramas e finais com fortes tons "não muito felizes".
em seguida aparece o conto de Gárchin, escritor russo tão pouco conhecido no Brasil. pela história, muito forte e marcante, nós, leitores brasileiros, lamentamos enormemente por possuirmos tão pouca coisa desse escritor publicada por aqui.
Tchékhov, o que é considerado o principal contista russo de todos os tempos e um dos mais importantes de toda a literatura mundial, teve seu espaço reservado nesse livro, sendo o único a ter três histórias curtas na obra.
Gorki, escritor que tem como principal marca as história com forte cunho político, apresenta-nos dois textos de uma simplicidade tão pouco conhecida em sua obra. seus contos (são dois os que foram colocados no livro "Salada Russa") são curtos, ternos e delicados.
e para fechar o livro, temos um conto do escritor Grin, este tão conhecido quanto Gárchin. seu conto é de uma força impressionante, com personagens muito bem construidos numa circunstancia marcante, com tons de uma fantasia pouco explorada dentro do universo literário russo e um romantismo de uma beleza ímpar, não só na literatura russa, mas universal.

o livro "salada russa" teve os textos, todos, traduzidos direto do russo por Tatiana Belinky.

domingo, 15 de novembro de 2009

Fahrenheit 451 - Livro da Semana


Escrito por Ray Bradbury na década de 50, o livro Fahrenheit 451 relata a história em um “futuro perfeito”, onde as pessoas vivem uma sensação de paz e felicidade plena, quando se veem livres de quaisquer espécies de questionamento. Vivem suas rotinas sem qualquer preocupação.
            Nessa sociedade de um estado totalitário, os bombeiros atuam como verdadeiros agentes repressores, responsáveis pela queima e destruição da que se tornou a maior arma sediciosa à felicidade das pessoas, justamente por despertarem nelas questionamentos não só relacionados ao mundo que as cerca, mas a forma como o veem e a si próprias: os livros.
             Nesse contexto, conhecemos o bombeiro Guy Montag, um bombeiro fiel a sua causa, ciente de sua responsabilidade para com a sociedade. Responsável, o bombeiro vê se mundo mudar quando conhece sua vizinha adolescente, em que nunca tinha reparado.  Jovem, como que falando a si própria, e o homem, então, percebe a pertinência das colocações e questionamentos dela e começa a dar uma maior atenção ao que a adolescente diz.
            Dia após dia, Guy a encontra, por vezes propositalmente, em outras por um mero acaso, e se dá conta do quão tragado está sendo pelas palavras da adolescente. Mas os encontros entre o bombeiro e a adolescente foram bruscamente interrompidos com a morte dela. Fora atropelada ao atravessar uma via expressa e parara para reparar no céu.
            Deparando-se pela primeira vez com um sentimento de perda (sentimento este que também fora abolido nessa sociedade), foi trabalhar, como todos os dias, e justamente neste dia um chamado urgente o fez se deslocar, junto com todo o seu grupamento, a uma casa onde eram escondidos não só um, mas muitos livros. E no processo de queima, o dono daquela biblioteca recusou-se a sair de dentro da casa, preferindo morrer queimado, junto com seus preciosos livros.
            Essa morte vai surtir um efeito devastador na alma de Guy Montag, e se pergunta o motivo de alguém chegar a dar sua vida por algo como um livro. Adoentado, o bombeiro vê chegar a sua casa seu capitão, que explica as regras que regem aquela sociedade e mostra os porquês dos livros serem tão amplamente combatidos, por representarem uma ameaça a paz e a felicidade das pessoas. No entanto, tais explicações, longe de alcançar os efeitos desejado, deixam no bombeiro um sentimento estranho, com o qual ele nunca havia se deparado. Procura um outro homem, antigo professor, que fora certa vez investigado por suspeita de possuir livros em sua residência e por agir em prol da propagação de livros e de levantar questionamentos às pessoas e ao mundo que o cerca, e, com os olhos abertos, vê o erro que tem cometido ao longo de todos aqueles anos de serviço à sociedade na queima de livros.
            Guy Montag, de agente repressor, passa a agir como um daqueles que justamente combatia e se vê perseguido pelo Estado por que havia lutado até então.
            Um livro intenso e perturbador, Fahrenheit 451 representa um marco na literatura do século XX, não só dentro do gênero de ficção científica, mas de toda a literatura, por ter sido dos pioneiros e abordar os temas a que aborda e por representar o primeiro livro a pintar um futuro “distópico”.

domingo, 8 de novembro de 2009

Concreta e abstrata - crônica


Podem me chamar de ignorante, de não saber compreender e até de insensível, mas a partir de agora não vou mais mentir e dizer que gosto, sem gostar, de poesia concreta e de arte abstrata. Cansei de mentir para amigos “artistas” que vinham me mostrar suas “obras” e eu, mesmo sem entender absolutamente nada, dizer, para não desapontá-lo, falar um insosso “gostei” ou algo do tipo: existe algo nessa obra que me deixou inquieto, que mexeu comigo. Não. A partir de agora não vou mais mentir, nem para os amigos, e se vieram me pedir para “avaliar” sua obra pense duas, três, dez, vinte e cinquenta vezes antes de falar comigo, pois correrei o risco até de perder a amizade, mas não vou deixar de ser sincero.
            Existem, lógico, exceções dentro do grupo adepto a essa arte, de artistas de renome, reconhecidos por sua sensibilidade, mas esses são exceções. E muitas vezes, até mesmo esses artistas para se fazerem entender em sua arte, ainda tem que dar explicações, dar os motivos de terem usado aquele tipo de material, de terem espalhado as tintas daquele jeito, de terem jogado as letras naquele sentido ou de darem tal sentido a determinada palavra.
            A arte, a poesia deve falar por si só. Deve mexer com aquele que a contempla e com o que a lê, sem que seja preciso um alguém a explique, pois cada um a sente de uma maneira diferente. Mas arte abstrata e poesia concreta são estilos artístico e literário que, em nome da quebra de regra, do não seguimento a um “academicismo” e do “desprendimento”, acabaram quebrando o bom-senso, a beleza, o sentindo e o desejo de se contemplar um quadro ou uma escultura ou de se ler e sentir a poesia de um poema. A arte tem que mexer conosco, sim, mas não num sentido de estranheza, de repulsa, pois ela nasceu para ser compreendida, para ser sentida e contemplada.
            Cansei de poemas sem poesia, de letras jogados ao léu numa folha de papel em branco (isso, quando existem folhas de papel!), de ferros retorcidos, de pontas, de concreto e de ainda, ao ouvir a explicação do artista, soltar uma exclamação do tipo: “ah, agora entendi!”, quando, na verdade, continuei sem entender nada, mesmo após a explicação, e passei a gostar menos ainda “entendendo” do que “antes de entender”.
            Desculpem-me, amigos, adeptos a essa arte, mas, acima de tudo, sou uma pessoa fiel ao bom-senso, sou uma pessoa sincera, amante da boa poesia e da bela arte.


domingo, 1 de novembro de 2009

Indignação - Livro da Semana


Philip Roth, escritor norte-americano nascido em Newark, Nova Jersey, em 1933, numa família de origem judaica, é considerado um dos maiores romancistas do seu país na segunda metade do século XX. É conhecido, sobretudo, pelos romances, mas também tem uma extensa obra em contos e ensaios.
            Entre as suas obras mais conhecidas encontra-se a coleção de contos Goodbye, Columbus, de 1959, a novela O complexo de Portnoy (1969), e a sua trilogia americana, publicada na década de 1990, composta pelas novelas Pastoral Americana (1997), Casei com um comunista (1998) e A Mancha humana (2000).
            Muitas de suas obras refletem os problemas de assimilação e identidade dos judeus nos Estados Unidos e explora a natureza do desejo sexual e da autocompreensão. A marca registrada da sua ficção é o monólogo íntimo, dito com um humor amotinado e a energia histérica por vezes associada com as figuras do herói e narrador de O complexo de Portnoy, a obra que o tornou conhecido.
            Venceu diversos prêmios literários, inclusive o Pulitzer, na categoria ficção, pelo seu livro Pastoral Americana, em 1998.
            Em seu mais novo livro, Indignação, Roth, conta a história de Markus Messner, um jovem judeu residente em Newark. Estudioso, Markus acostumou-se, desde cedo, a ouvir das pessoas que tinha um longo e belo futuro pela frente. Destaca-se na escola pelas excelentes notas e bom-comportamento. No entanto, apesar de fazer sempre o que os outros esperam dele, sendo um bom filho, não se envolvendo com coisas erradas, que não sejam da tradição a que sua família segue, ele se vê obrigado a, na maioridade, quando entra pra universidade, ir embora para estudar numa no estado de Ohio, na Universidade de Winesburg, uma instituição conservadora, tudo porque seu pai, um açougueiro Kosher, vigoroso, parece ter enlouquecido ante a menor probabilidade de seu filho se desvirtuar – louco de medo e apreensão que os perigos da vida adulta e o mundo cercam seu único filho.
            Cansado da insegurança e da loucura de seu pai, Markus se muda e passa a viver num quarto do alojamento da universidade, que fica no Meio-Oeste americano. Lá, no primeiro quarto que ocupa, tem desentendimentos com um dos companheiros de quarto, e acaba se mudando. No segundo quarto a que ocupa, apesar de ter encontrado, pelo jeito, um outro aluno tão aplicado e discreto quanto ele, teve desentendimentos, e mais uma vez teve que mudar de quarto, indo, dessa vez, ocupar um quarto sozinho, o que acabou por chamar a atenção do diretor da universidade, que o chama para conversar e tentar entender os problemas de sociabilidade do jovem e talentoso judeu.
            Em meio a todas as confusões do inicio dessa fase de sua vida, Markus também se vê numa fase de descobertas em sua vida, de uma paixão arrebatadora por Olívia, uma não-judia cujos pais são divorciados, tentou suicídio e sofreu de problemas de ordem psicológicos, que a levaram, inclusive, a ser internada.
            Medo, insegurança, conflitos e incompreensão acabaram por levar o promissor aluno de direito da Universidade de Winesburg aonde ele não quer ir: para a Coréia, no auge dos conflitos, onde os Estados Unidos estão envolvidos, de onde ele conta sua história após ter sido ferido, sob o efeito da morfina.


domingo, 25 de outubro de 2009

Antes Tarde do que Nunca: a descoberta de Felicidade Conjugal, de Tolstoi



Sou um completo (e confesso) apaixonado pela literatura russa. Ainda me pego, por vezes, a pensar, em como um país, até então sem grande tradição literária (comparando com a Inglaterra e França, principalmente, que tem uma tradição literária de séculos) pôde, em tão curto espaço de tempo, em apenas um século (o XIX), ver nascer de seu seio tão grandes e importantes escritores, não só para a própria Rússia, mas para todo o mundo e universo literário.
            Foi na Rússia do século XIX que surgiram grandes gênios da literatura como Aleksandr Puchkin (1799-1837), Nikolai Gogol (1808-1852), Mikhail Lérmontov (1814-1841) – esse tão pouco conhecido no Brasil –, Ivan Turgueniev (1818-1883), Fiodor Dostoievski (1821-1881), Liev Tolstoi (1828-1910), Anton Tchekhov (1860-1904), Máximo Gorki (1868-1936) e Leonid Andreiev (1871-1919) – também este pouco conhecido e falado em nosso país –, e isso só para citar alguns, pois o universo da literatura russa é muito mais amplo e possui muitos outros gênios. Esses escritores, poetas, romancistas, contistas, novelistas e dramaturgo, apesar de alguns terem avançado, em vida, alguns anos dento do século seguinte, viveram e produziram a maior e mais significativa parte de sua obra dentro do século XIX, ou pelo menos tiveram suas influências e obras situadas nesse século. Pode-se afirmar, portanto, que foi o século XIX a fase de ouro da literatura russa.
            Obras marcadas, sempre, por intensos conflitos, repletas de drama, com uma forte carga emocional são marcas natas da literatura russa desse período. Valores, filosofia, relações conjugais, romances históricos e críticas sociais também são temas a que muitos escritores recorreram no período.
            Dentro deste tão fascinante universo literário, existem marcantes e importantes obras literárias, cuja leitura é essencial para a formação cultural e intelectual de um grande leitor, como os livros de Dostoievski Crime e Castigo e Irmãos Karamazov, de Turgueniev Pais e Filhos, Almas Mortas e Tarás Bulba, de Gogol, A Mãe, de Gorki, os contos, peças e novelas de Tchekhov, os contos de Lérmontov e de Andreiev e as poesias de Puchkin, tido por muitos como o pai da literatura russa. Além desses, Tolstoi possui um especial lugar reservado em qualquer estante, com os importantes Anna Kariênina e Guerra e Paz.
            É Tolstoi, entre todos os gênios da literatura russa, o meu favorito. Leio-o há anos, sou fascinado por sua obra, sempre tão intensa, com personagens tão marcantes, sempre repletas de críticas sociais, reflexões teológicas, conflituosa, repleta de filosofia, pregações morais, etc. E dentro da obra do genial escritor, dois de seus livros são os que mais chamam a atenção do leitor, Guerra e Paz, publicada entre os anos de 1865 a 1869, e Anna Kariênina, entre os anos de 1875 a 1877, pela monumentalidade (existe essa palavra? Se não existe, eu acabei de inventar!) da obra, pela complexidade, pela infinidade de personagens que foram criados, desenvolvidos e explorados de maneira magistral pelo escritor. No entanto, a obra do escritor nascido em Yasnaia Polyana em 1828, vindo de uma tradicional e rica família, não se resume a esses dois livros. Dentro de sua extensa produção, figuram importantes novelas, como Sonata Kreutzer (1889), A Morte de Ivan Ilitch (1886) e Padre Sérgio, além de diversos contos pedagógicos, publicados no Brasil no livro Contos da Nova Cartilha, e de diversos contos, sendo os mais conhecidos e significativos em sua obra publicados no volume O Diabos e Outras Histórias. Isso tudo, fora outros tantos livros, contos, novelas, crônicas, relatos de sua vida enquanto militar, descrições da vida das pessoas, que fez em suas inúmeras viagens.

Mas mesmo sendo um tão apaixonado pela obra de tão fascinante escritor, lendo-o, já, à tantos anos, sua obra ainda esconde inúmeras surpresas, obras-primas da literatura mundial tão pouco faladas, como é o caso de Felicidade Conjugal, uma de suas primeiras experiências literárias. Trata-se de uma novela, publicada antes de seus mais conhecidos livros, em 1858.
            Felicidade Conjugal é uma obra de beleza e delicadeza ímpar. As descrições do genial escritor neste pequeno livro são perfeitas, os sentimentos são intensos, explorados de uma maneira impressionante. A forma como Tolstoi descreve os sentimentos, a sensibilidade do autor ao descrever a "chegada do amor" o impressionante. A maneira como ele relata a ansiedade ante a concretização de um sonho, do casamento, marca profundamente a nossa percepção de vida, de como lidamos com os nossos sentimentos. E, no segundo momento do livro, todos os conflitos, as angústias, os anseios agigantam a obra, tornando-a não só um marco não só dentro da produção literária do autor, mas de toda produção literária de seu país na época, como também no mundo, de todos os tempos da literatura.
            Antes de Felicidade Conjugal eu nunca havia lido, em lugar algum, em forma algum de texto (conto, crônica, artigo, romance, poesia, etc), uma descrição tão precisa quanto à chegada do amor, como a forma como o sentimento nos toma e se agiganta em nosso peito.
            Foi Felicidade Conjugal e minha grata surpresa literária deste ano de 2009 e marcou profundamente a minha vida de leitor, tanto que o tenho como um dos melhores livros que já li em minha vida.