quarta-feira, 17 de julho de 2013

Encerriniciando ciclos



Amanhã eu completarei trinta anos, e só me dei conta disso hoje, na véspera de meu aniversário. Nunca fui ligado a numerologia, números cabalísticos e seja lá que óticas astrológicas e esotéricas venha a ser, mas fato é que chegar ao trinta anos me fez olhar para trás e pensar e outros tantos aniversários e em outras tantas vésperas de aniversário de minha até aqui tão curta vida.
            No dia 17 de julho de 1988, na véspera de meu aniversário de cinco anos, eu ainda era um menino, e a minha única preocupação era com a festa que a minha mãe estava preparando para o dia seguinte. Fiquei o dia inteiro a pensar se todos os meus primos e amigos viriam e que presentes iria ganhar. Ficava fantasiando se tal tio iria me dar tal brinquedo e passava minutos a fio pensando, devaneando, brincando com o brinquedo sem sequer tê-lo ganhado (ainda). Mas também ficava com raiva por antecedência, só em pensar que tal tia distante iria me dar roupa, e eu, como todo menino, odiava ganhar roupa de presente de aniversário! Aquela idade que iria chegar no dia seguinte representava o encerramento de um ciclo e início de um outro, em que deixava de ser um Menininho e passaria a ser um Menino, uma criança, e não mais um “bebê da mamãe”. E naquela fatídica noite, não dormi, tamanha a ansiedade que sentia, desejoso de completar logo meus cinco anos.
            Em 17 de julho de 1993, quando no dia seguinte eu iria completar meus dez anos, eu já não era só um menino, e já queria que chegasse logo o dia seguinte, em que eu completaria meus dez anos e passaria a ser tratado (e me veria) como um rapaz. Minha mãe tinha passado o dia inteiro nos preparativos de minha festa de aniversário, minha “ultima festa de aniversário” nas palavras dela. Era uma data e uma festa especial, e tudo nos arranjos representava isso: nada de artigos multicoloridos e, ao invés disso, tudo representava as cores do Brasil, da seleção brasileira de futebol, pois eu, como todo menino (digo, rapaz!) da minha idade, era vidrado em futebol, e meu sonho era um dia me tornar jogador profissional e defender a seleção brasileira numa Copa do Mundo. Nessa idade que estava completando, dez anos, ainda somos meio crianças mas com espíritos, sonhos e devaneios de um alguém mais velho. Podemos não ser tudo o que podem ser as crianças, pois esse ciclo de minha vida já estava sendo fechado, mas sim sabemos o que queremos ser naquela nova fase da vida que se descortinava perante nossos olhos.
            No dia 17 de julho de 1998, quando eu estava para completar meus quinze anos, eu já não era nem criança, nem menino, nem rapaz, mas sim um adolescente, um “homem em formação”, e me sentia como tal. Nesse dia em especial, nessa véspera de tão importante data de minha vida, eu me sentia triste, pois há apenas alguns dias eu havia perdido o meu pai. Além disso, quando vamos “ficando mais velhos”, “ganhando experiência”, ou seja lá como chamem o processo natural de envelhecimento e se aprendendo na vida, a gente vai tomando, aos poucos, um “choque de realidade” e passa a enxergar a vida sem lentes, sem distorções. Os sonhos agora passam a ser muito reais, e eu não queria mais ser jogador de futebol, pois além de saber que seria muito difícil de realizar tal sonho, estava muito decepcionado com o futebol e a seleção brasileira, e, além do mais, estava meio que prevendo o que iria nos aprontar na final daquela Copa a França de Zidane. Quinze anos para mim, um adolescente tímido que era (e continuo a ser tímido, embora não mais adolescente), representava muito para mim, pois embora ainda tão jovem, já possuía alguma boa noção do que a vida tinha pela frente. Minha ansiedade, nesse dia em especial, era que no dia seguinte eu seria (me sentiria) mais “maduro” e que talvez isso significasse algum fim da timidez que me assolava desde que “eu me entendo por gente”.
            Quando, no dia seguinte, eu faria os meus dezoitos anos, em 17 de julho de 2001, e estava adentrando na idade adulta, embora ainda não recaísse sobre meus ombros todas as responsabilidades que a idade e vida adulta; estas estavam me vindo bem aos poucos, em doses homeopáticas. Estava ansioso, pois, no dia seguinte iria trazer a minha primeira namorada (demorei para ter minha primeira namorada por conta de minha patológica timidez) para apresentá-la à minha mãe e algumas pessoas da família, que viriam a minha casa para uma pequena festa, bem pequena, “só para não passar em branco”, como minha mãe disse. Estava encerrando mais um ciclo em minha vida e iniciando uma nova fase. Já havia entrado na universidade, já tinha minha primeira namorada e já vislumbrava um futuro próximo; já tinha uma série de responsabilidades e por isso me sentia um pré-adulto.
            Em 17 de julho de 2004, as vésperas de adentrar de vez na maioridade, quando, no dia seguinte eu completaria meus vinte e um anos, eu me sentia um tanto quanto perdido. Já havia feito tantos planos, já havia sido tantos eus e já tinha sofrido algumas decepções. Estava excessivamente taciturno naquele dia (e ficaria ainda mais no seguinte), pois, como todo mundo que está chegando a essa idade, eu tinha pressa excessiva, e queria tudo pra ontem. Ainda não tinha um emprego de verdade (estava fazendo um estágio na universidade), e tinha pressa de conseguir logo um; as namoradas que tive me causaram certa decepção, e por isso mesmo, pela minha natureza mais propensa a melancolia e dramática, sentia-me inseguro e com medo de vir a ter novas decepções; e queria conseguir tudo o quanto antes, pois tinha a impressão de que o tempo estava passando muito depressa, os anos estava passando muito rápido, e eu não tinha conseguido e construído nada de mais sólido e efetivo em minha vida! Tinha medo do que esse novo ciclo que se iniciava em minha vida e queria, a todo custo, me segurar e permanecer no anterior por mais alguns anos, pelo menos até me sentir realmente preparado, mas o tempo não para, os anos, os meses e os dias continuam seu percurso natural, e no dia seguinte eu seria obrigado pela vida a dar mais um passo em minha vida. Não havia planejado nada para o dia seguinte, e só sabia que o dia seria longo, e que o ciclo seguinte seria beeeemmmm loooonnnngo...
            Hoje, 17 de julho de 2013, estou prestes a completar meus trinta anos e a iniciar um novo ciclo de minha vida, que já não é mais tão curta, mas que ainda não constitui uma vida longa. Ainda não construí tudo que gostaria, mas não tenho a pressa que tive há alguns anos (aniversários) atrás, e sei (aprendi) que nada na vida é “pra já”, que tudo se dá em seu devido tempo, que as coisas acontecem um passo depois do outro. Tenho, ainda, óbvio, mil e um planos para a minha vida, para os próximos 5, 10, 15, 18, 21 e 30 anos; tenho tantos planos que seriam necessárias pelo menos mais 10 vidas plenas e inteiras para vivê-los e realizá-los. Mas o que importa a realização dos sonhos? O que importa, realmente, é o sonhar! O que me vai acontecer amanhã, eu não sei (não tenho o dom de prever o futuro!), mas sei que estarei iniciando um novo ciclo, que estarei dando um novo passo, e que, embora não crendo na cabala e na numerologia, é sempre bom a gente se prender não a números, não a significados, mas a cada momento, a cada fato que a vida nos proporciona.

2 comentários:

  1. Meu amigo, acabei de ler a sua crônica! Posso dizer que data temos 15 dias de diferença do nosso nascimento, não me chame de vó! (risos).
    Na minha humilde opinião, os 30 anos te dá respostas/frutos positivos e negativos do que você fez nos anos passados, provavelmente é também porque só quando chegamos nessa idade é que paramos pra pensar o que fizemos para chegar até aqui!
    No meu caso não sou uma canceriana típica, caso alguém acredite em signos. Sou de correr atrás do que quero sem "frescurinhas", mas os resultados por incrível que pareça colho hoje aos 30, acho que pode ser coincidência mesmo! Acho porque hoje sei que tudo passa, tudo se resolve, dinheiro, emprego, família, amor e amigos, TUDO SE RESOLVE!
    Beijo e saudades!

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  2. Retire o "data" por favor!kkkkkkkkkkk

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